segunda-feira, 5 de maio de 2014

Palavras de artista

"Fala-se muito hoje em inovações, em abrir caminhos, etc...Mas não se deve confundir experimentos técnicos com a verdadeira inovação. Todo artista realmente criador inova, e isso porque ele amplia seus meios técnicos na proporção de suas necessidades de expressão. Só essa inovação é legítima - a inovação que é ditada por uma necessidade interior. Inovar por inovar não tem sentido. Sei de artistas que passaram a vida toda inovando e não puderam fazer mais que "inovações"... Na verdade, muitas inovações em metal datam de 1950. Por outro lado, há exemplos de gravadores, como Jacques Villon, que, partindo da técnica tradicional, fizeram a passagem para uma maior síntese de formas, sem abandonar o verdadeiro sentido da gravura. Houve sempre na carreira de Villon um sábio equilíbrio entre técnica e criação sempre mais em profundidade. Villon é um verdadeiro clássico da gravura moderna. Outro que se pode colocar ao lado dele é Lionel Feininger com suas xilos e suas águas-fortes. Mas ponha-se uma gravura de Friedlander ao lado de uma de Villon: a de Friedlander some. Enfim, desde que artifícios e truques substituíram a gravura, não há mais propósito dizer se a gravura é boa ou má".
 Oswaldo Goeldi

GOELDI, Oswaldo. In: BRITO, Ronaldo; ROESLER, Sílvia (coord.). Oswaldo Goeldi. Rio de Janeiro: Instituto Cultural The Axis, 2002. 228 p., il. p&b color. p. 208. [Entrevista de Oswaldo Goeldi a Ferreira Gullar para Jornal do Brasil, 12 de janeiro de 1957]

Post: Elen Trichez 

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